Glossário

 

CANÇÃO - Provavelmente relacionada com a "cansó" provençal; no século XV passa a designar uma composição de forma fixa, por influência da "canzone" italiana, cultivada por Dante e Petrarca. Praticada também por Luís de Camões, é constituída por uma série de estrofes, de número regular de versos, culminando numa estrofe menor, em que a própria canção é apostrofada.

 

CANCIONEIRO - Coletânea de poemas de vários autores de uma dada época literária. Os cancioneiros relativos à nossa mais antiga poesia, a lírica galego-portuguesa, composta entre cerca de 1196 e 1350, datam dos séculos XIII (Cancioneiro da Ajuda) e XIV (Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Cancioneiro da Biblioteca Vaticana). O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende foi publicado em 1516 e reúne cerca de 300 composições dos reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel.

 

CANTIGA - Durante a época medieval, designa uma curta forma poética em língua vulgar. Na Arte de Trovar, tratado de poética medieval, aplica-se a todos os géneros. Termo utilizado pelos próprios trovadores, atesta a união da poesia e da música, na origem da nossa tradição lírica ocidental. A partir do século XV, dissociados poema e música, designa qualquer peça lírica em versos curtos (normalmente em redondilha menor e maior); mais especificamente, designa uma composição sujeita a mote, de quatro ou cinco versos, seguido de uma glosa de oito ou dez versos, em que se desenvolve o tema enunciado no mote; nos casos em que temos mais de uma glosa, estas são obrigadas ao mesmo esquema estrófico, repetindo-se em cada uma, a terminar, o último ou os dois últimos versos do mote, textualmente ou com variações.

 

CANTIGA DE AMIGO - Forma poética medieval reconhecível pela utilização do termo "amigo", ou de um vocabulário em torno de termos como "madre", "filha", "amiga", "irmana", "moça", "velida", etc., e pela expressão, por um sujeito feminino, das suas dores e alegrias amorosas.

 

CANTIGA DE AMOR - Forma poética medieval, cultivada no ambiente cortesão, em que o trovador exprime a sua paixão, não correspondida, de forma convencional (cortês e mesurada), por uma dama de elevada estirpe social dotada de todas as perfeições. 

 

CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER - Formas poéticas medievais, em que o trovador satiriza alguém ou uma situação: de modo indireto, irónica ou sarcasticamente, no primeiro caso; diretamente, nomeando o visado, no segundo caso. A diferença é estilística, não temática, assentando no equívoco, pelo qual o escárnio é definido. 

 

LEIXA-PREN - Técnica poética de encadeamento de estrofes; em cada estrofe repetem-se, ou os versos da estrofe anterior com ligeira variação das palavras finais (estrofes pares), ou um dos versos da estrofe que precede a anterior (estrofes ímpares).

 

 

MEDIDA VELHA E MEDIDA NOVA - Duas técnicas versificatórias, no século XVI: a primeira designa a tradicional (estruturas e metros utilizados pelos poetas do Cancioneiro Geral, como o vilancete, a cantiga, a esparsa, em redondilha menor e maior); a segunda, a importada de Itália por Sá de Miranda e António Ferreira (com um novo verso, o decassílabo, e novas formas e subgéneros, como o soneto, a canção, a sextina, a elegia, a écloga, a ode, a terza rima, etc.).

 

ROMANCEIRO - Poesia portuguesa e espanhola de carácter épico e lírico, anónima, destinada ao canto e transmitida por tradição oral, durante a Idade Média. Compilação desses poemas tradicionais, os romances.